Descascando a Bala

Não sei se foi o Paulinho da Viola que realmente escreveu esse texto, mas vale a pena ler. Parece um detalhe minúsculo diante da grandiosidade do fato histórico que acabamos de presenciar, mas eu começo meu texto falando em quem? Nele, no Presidente Lula. Para ressaltar o que acho ser o vale profundo que separa nossos países. Lula descasca uma bala, Obama a desembrulha. Lula joga o papel no chão e acha isso perfeitamente natural; insiste que no mundo todo isso nem seria notado. Obama, caso aceitasse comer uma bala durante solenidade oficial, poria o papel no bolso até poder jogá-lo numa lixeira. É um detalhe? É, mas daqueles fundamentais, como o sorriso da Mona Lisa: em toda a tela de da Vinci, quanta beleza, quanto talento, quantos simbolismos. Mas o que mais chama atenção? O pequeno detalhe do sorriso. Obama foi eleito presidente dos EUA e não do mundo. Seu interesse primeiro é seu país e o povo americano. Problemas internos, muito sérios, não lhe vão faltar. Mas, pela primeira vez na história daquele país, foi eleito um homem mestiço, filho de um queniano e de uma jovem do Kansas, que passou parte da infância entre o Havaí e a Indonésia, teve oportunidade de conviver com crianças e jovens de outras nacionalidades, de conhecer outras religiões e filosofias, e que por mérito e esforço próprios cursou boas universidades na Costa Leste. Isso o diferencia de todos os outros presidentes americanos. Sobretudo o diferencia de George W. Bush, rapaz muito rico, mas que até ser presidente da República nunca tinha ido além do México. E assim mesmo porque era muito perto de sua casa, talvez até considerasse aquele país a continuação de seu quintal. A eleição foi uma festa, uma linda festa que congregou, e aí está sua maior beleza, a grande maioria dos americanos e não somente os brancos, anglo-saxões e protestantes. Os EUA celebraram aquilo que já deveria ter sido celebrado desde o fim da Guerra Civil, desde que imigrantes começaram a desembarcar de navios abarrotados de gente no porto de Nova York. Finalmente ouviram a voz da Estátua da Liberdade e responderam aos agourentos que achavam aquela grande nação à beira do desaparecimento. Como disse o presidente-eleito na noite de sua vitória: "Foi a resposta dada pelos jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, latinos, asiáticos, índios, homos, heteros, inválidos e não inválidos - somos e sempre seremos, os Estados Unidos da América". Barack Obama viu mais longe que os outros; não podemos desmerecer a luta e o sacrifício pessoal de Lincoln, de Martin Luther King, de Rosa Parks, dos meninos de Little Rock. Mas Obama viu que o que uniria o país era a força de seu "melting pot" em potencial, e não o ódio, não a vingança, não o punho cerrado, mas o abraço. Pode ser que ele não consiga realizar o sonho das multidões que vibravam e choravam na noite de 4 para 5 de novembro. Seja como for, ele abriu a porta, derrubou barreiras, rasgou a picada, deu os primeiros passos. Torcida não lhe vai faltar. Enquanto isso, no Brasil, o Chefe da Nação não diz duas palavras sem atiçar o fogo, sem jogar brancos contra negros, pobres contra ricos, instruídos contra iletrados, nordestinos contra sulistas, partidos contra partidos, povo contra a Imprensa, todos contra todos. Não fala, grita, berra. Esfalfado, ouve os uivos da platéia, acha que está sendo adorado, e parte para outro palanque. Criou um Ministério da Integração Racial que é tudo que nós menos precisamos. Seu titular teve a idéia de criar a Delegacia do Negro! Se um negro é assaltado, ele vai procurar a delegacia dele, não uma delegacia qualquer.. Breve, delegacias para japoneses, coreanos, chineses... e o nome disso é Integração Racial. "Espero que Obama (...) não vá gastar um ano sem resolver imediatamente a crise. Agora a crise pode ser debitada ao atual governo, mas um ano depois de ele tomar posse é dele também", disse Lula. Quer dizer, o Obama não pode apelar para a herança maldita do Bush! E ainda: "Acho que ele é suficientemente inteligente para tomar as medidas para evitar que a crise continue". Pode deixar, Lula, Obama é brilhante. Peça ao Amorim para ler consigo o site que ele inaugurou logo no dia 5, Change.gov. Vá direto à política externa. É de chorar de emoção. Depois, leia todo o site e aprenda como se faz política respeitando o povo, o eleitor, o cidadão. O dado concreto, Lula, é que Change.gov é extraordinário! As coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender!

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