Uma Revolução Épica
"É o melhor dos tempos. É o pior dos
tempos."
Assim começa um dos mais interessantes
vídeos sobre o futuro da Internet, chamado EPIC 2015
(http://www.youtube.com/watch?v=OQDBhg60UNI), do Museu de História da Mídia. E
ele é a base do momento que passamos.
Mas antes devemos olhar os fatores que nos
trouxeram esse momento, que fez "o gigante acordar".
Independentemente do que muitos possam alegar, a estabilidade econômica que se
iniciou com o Plano Real, permitiu que milhões de brasileiros começassem a
experimentar coisas antes apenas disponíveis aos mais afortunados, como bens de
consumo. Mas ela também permitiu que esses brasileiros pudessem comprar
computadores, viajar e fazer cursos. E isso culminou com o primeiro fenômeno:
os brasileiros começaram a descobrir o mundo, ver como outras culturas cuidam
de seus países e começaram a raciocinar de forma inquisitiva.
A privatização do setor de
telecomunicações nos deu o segundo fenômeno, o acesso massivo às comunicações.
Mesmo com qualidade abaixo do desejável, ele ainda é infinitamente melhor do
que tínhamos (ou não) antes. Hoje temos mais telefones celulares do que
brasileiros e o acesso à Internet tem o maior índice de crescimento no mundo.
O terceiro fenômeno é a paixão do
brasileiro pelos relacionamentos pessoais, potencializado pelo advento das
mídias sociais. Brasileiro gosta de falar e se expor.
Esses três fenômenos combinados podem ser
considerados os grandes fatores iniciantes dessa nova ordem nacional. Mas o que
amalgamou essas coisas e fez com que os brasileiros fossem as ruas? E por que
os políticos se mostram "estarrecidos e calados".
A primeira pergunta é a mais simples de
responder: a sensação de exploração que tomou conta de toda uma geração que viu
como outros países cuidam de seus cidadãos, muitas vezes de forma melhor e com
menos recursos que nós. "Yes, we can",
descobriram os milhares de brasileiros que agora são incluídos nas análises dos
"homens de marketing".
Mas a segunda pergunta é a mais intrigante
e também a que nos abre algo que pode ser revolucionário. E a que nos leva ao
EPIC 2015.
Pergunto: qual o maior fator de
mudança fundamental da raça humana, desde seu surgimento? Sim,
isso mesmo, a tecnologia. Tecnologia é um termo que envolve o
conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais
criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. Não há outro fator tão
importante em nossa história como ela. Com ela, deixamos de ficar no meio da
pirâmide da cadeia alimentar, para o topo, quando criamos as ferramentas e com
elas as armas para nos proteger de animais mais fortes (e de nós mesmos). Foi
através da tecnologia que o homem dominou o fogo, criou a escrita e muitos
séculos depois, criou a Internet.
E é exatamente ela que agora poderá causar
a maior revolução política da história da humanidade.
A Internet desintermediou as comunicações,
permitindo que o autor falasse e, principalmente, interagisse com seu público.
Com isso revolucionou a forma como interagimos. Logo em seguida a Internet
desintermediou o comércio, eliminando ineficiências de intermediários,
tornando-os obsoletos. E agora chegou a próxima vítima, a política.
Os movimentos das ruas no Brasil não estão
colocando em cheque o modelo de governo, tampouco o modelo econômico. Eles
estão questionando o modelo político, partidário, centralizador e ineficiente.
Não entrarei no mérito das razões, pois todas são conhecidas de todos,
inclusive dos políticos. Mas o que causa o silêncio dos políticos não são as
manifestações e sim o medo que o povo chegue na conclusão que eles (os
políticos profissionais) chegaram: que o modelo atual do poder legislativo, dos
três poderes, não só está falido, como ele é COMPLETAMENTE DESNECESSÁRIO, pois
seu papel pode ser cumprido pelo uso da TECNOLOGIA. Sim, eles perceberam isso e
estão em pânico, pois os ingredientes para que isso aconteça já estão aqui e
não podem ser impedidos de crescer.
Segundo o Wikipedia, na Grécia e Roma
antigas, dava-se o nome de partido a um grupo de seguidores de uma ideia,
doutrina ou pessoa, mas foi só na Inglaterra, no século XVIII, que se criaram
pela primeira vez, instituições de direito privado, com o objetivo de congregar
partidários de uma ideia política: o partido Whig e o partido Tory. De fato, a
ideia de organizar e dividir os políticos em partidos se alastrou muito, no
mundo todo, a partir da segunda metade do século XVIII, e, sobretudo, depois da
revolução francesa e da independência dos Estados Unidos.
Eles eram uma forma de aglutinar interesses
pelo simples fato de que "escutar" a todos eram impraticáveis, ou
seja, partidos políticos são uma anomalia devido às limitações impostas pela
impossibilidade de ouvir e interagir com toda a população ao mesmo tempo.
Mas o que os políticos do século XXI
perceberam é que, com o uso da tecnologia, essa impraticabilidade deixa de
existir, e por consequência a necessidade de partidos políticos e mesmo de
representantes do povo não são mais necessários. E é por essa revolução de
devemos lutar: a completa reinvenção do modelo político-partidário e dos
representantes do povo. Não mais precisamos de representantes, intermediários,
pois podemos ser escutados e falarmos todos ao mesmo tempo e de forma prática.
Quem disse que não temos líderes? E a
Internet. Ela purifica tudo. Primeiro foram as comunicações, depois o comércio,
agora a política.
A plataforma do próximo presidente deveria
ser não o passe livre, mas sim acesso à Internet livre para todos. De graça.
Os partidos são uma anomalia para a solução
de um problema que não existe mais: a capacidade de falar com todos os cidadãos
(e escuta-los) ao mesmo tempo. Por isso foram criados os partidos. Mas com
tecnologia isso não existe mais.
O poder legislativo, sob o ponto de vista
operacional, deixa de existir. Não precisamos de representantes. Podemos falar
e escutar a todos, ao mesmo tempo.
E é ESSE o PÂNICO dos políticos. Por isso
eles estão calados, pois eles já sacaram isso.
Mas alguns podem perguntar: por que os
manifestantes não falam disso: PORQUE a grande maioria deles nasceu na
tecnologia e não percebem que alguns não veem. They take it for
granted.
Alguém que empunhe a bandeira da
SUBSTITUICAO COMPLETA do PODER LEGISLATIVO, do modelo político partidário, será
um revolucionário.
E temos como fazer isso. Temos exemplos
disso no mundo, já, como Islândia, Ilhas Britânicas e países menores.
Não mais precisamos votar um projeto num
congresso cheio de deputados corruptos se podemos distribuir um aplicativo e
chamar todos os cidadãos para votar instantaneamente. Podemos controlar a
confecção de leis, votações, propostas de emendas constitucionais, escrever uma
NOVA CONSTITUIÇÃO.
Os políticos já viram isso, e por isso
estão calados. Um novo "integral político" que surge para declarar a
total obsolescência do poder legislativo em sua forma atual e seu renascimento
triunfal. Seria a maior revolução política desde Roma. Um por todos e todos por
um, cada brasileiro se representa, tal como estão fazendo agora nas ruas.
Temos tecnologia para fazer isso. Podemos
ter micro management até projetos nacionais. Tem dinheiro sobrando aqui e
faltando ali, boom... um clique já foi.
Não precisamos de partidos, precisamos de
“integrais sociais”. Precisamos apenas levantar essa bandeira.
Por que não revolucionar nosso país e se
possível, o mundo? Deixar um legado? Construir uma nova maneira de fazer
política, a verdadeira e mais PURA política. Jamais vista no mundo. Com o uso
da tecnologia.
Claro que precisaremos dos alicerces
jurídicos, mas seriam apenas operacionais.
Obviamente que essa novidade pode levar
alguns a pensarem no FECHAMENTO do Congresso, mas isso na verdade o ESCANCARA,
transformando-o, literalmente na casa do povo. Ele seria usado pelos diversos
grupos aglutinados para exporem suas ideias, se assim o desejassem, como um
grande centro de convenções, com estrutura de suporte jurídico, técnico e
operacional para esses grupos. Um congresso virtual e altamente flexível.
Isso faz nascer uma nova forma do governo
se comunicar com o povo. Ele coloca o povo no topo.
Poderíamos distribuir os recursos e
prioridades no MENOR nível possível. Não haveria currais, não haveria troca de
favores, não haveria negócios escusos, não haveria lobby, não haveria grupos
sem agenda.
E a mais pura definição de POLÍTICA.
Política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o próprio governo. E
os políticos já viram esse tsunami vindo.
I fucking love science e
isso é a ciência de ouvir o povo, suas reivindicações. Ouvir, propor e prestar
contas.
Um exemplo seria a proposição de uma lei.
Ela seria trazida para um ministério da comunicação digital que dispararia os
aplicativos de 200 milhões de brasileiros e teríamos a formação de grupos
defendendo os prós e contras em tempo real.
Poderíamos ter mecanismos de aprovação com
total transparência. Prestação de contas online. Canais de comunicação 24x7 com
nosso grupo organizador.
Mas para isso, precisamos ter a plataforma
única para todos, provida pelo Estado: saúde, educação, segurança e Internet,
os quatros pilares da cidadania do Séc. XXI.
- Chaves-criptográficas
protegem o sigilo e autenticidade desse novo modelo.
- Acesso
rápido permite a comunicação instantânea.
- Apps
(bem feitas) permitem a interação e aglutinação de grupos. Taxonomia
levada ao extremo.
- Leis
sendo escritas as mesmo tempo por milhares, milhões de pessoas.
- Propostas
sendo votadas em tempo real.
- Sim,
poderíamos ter um grupo organizador, mas nada além disso.
- Liberdade
de expressão. E controle sobre isso, pois não há ordem sem controle.
- Não
seria o presidente do Congresso que decide o que será votado, seriamos
nós.
Não é o cidadão versus o Estado. É o
casamento ideal entre eles.
Essa é a nossa revolução. Épica.
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